Qualquer um há de concordar que os vídeos se tornaram parte fundamental da internet. Mas se os usuários já criavam e editavam vídeos muito antes do surgimento de TikTok, Reels e Kwai, esses aplicativos levaram a criação e edição audiovisual para outro patamar. Tanto em acessibilidade quanto em popularidade – isso, claro, sem falar nas plataformas de filmes e séries.
Para se ter uma ideia de escala, de 2016 a 2021, a quantidade de vídeos na internet saltou de cerca de 50 exabytes para cerca de 190 exabytes, de acordo com a companhia de tecnologia Cisco. Exabyte é uma unidade de medida equivalente a 1 bilhão de gigabytes. Se essa imensidão de dados parece muito abstrata aqui vai uma ajuda: uma hora de vídeo assistido na Netflix em resolução ultra HD (4K) transmite cerca de 7 gigabytes de dados.
E é claro que este é um universo no qual as marcas passaram a navegar. De acordo com a HubSpot, empresa de tecnologia voltada ao CRM (customer relationship management), 91% dos negócios usam vídeo como ferramenta de marketing. Eles contam ainda que:
- Em 2023, as pessoas devem assistir, em média, 17 horas de vídeos online por semana.
- Estão 52% mais propensas a compartilhar vídeos do que qualquer outro tipo de conteúdo na internet.
- 75% dos espectadores assistem a conteúdo de vídeo de formato curto em seus dispositivos móveis.
É por isso que, se de um lado da moeda é praticamente impossível fugir das tendências que surgem com base nos vídeos da internet, é cada vez mais fácil produzir um material relevante para as marcas. E de forma geral, boas ideias falam mais alto do que grandes orçamentos.
A grande tarefa neste momento é entender como a produção de vídeos na internet têm influenciado o consumo, e quais ideias tem chamado atenção dos mais variados tipos de público.
Fugir da inteligência artificial, por exemplo, será cada vez mais difícil. Em um artigo do Think With Google, Smriti Sinha, líder de Tendências e Insights para Marketing e Maddy Buxton, gerente de Cultura e Tendências para Estados Unidos e Canadá, ambas do YouTube, comentaram recentemente o caso da creator sul-coreana RuiCovery, que na verdade, não existe. O que acontece é que ela é interpretada por um atriz e cantora cujo rosto recebe uma “máscara” criada com o auxílio de inteligência artificial.
No texto, que traz informações de um relatório do Google, elas comentam que “o sucesso de Rui representa um momento de grande mudança na tecnologia, criatividade e cultura – e a IA é apenas uma parte disso. Mas essa mudança atende tanto os criadores casuais quanto aqueles com habilidades técnicas avançadas, resultando em mais oportunidades criativas e novas maneiras de o público se envolver com o que está assistindo”.
Por isso, e para entender melhor este cenário com tantas mudanças na criação e consumo de vídeo, selecionamos algumas das principais tendências apontadas no relatório “Cultura e Tendências do YouTube 2023”. Vamos a elas?
A geração Z é criadora e audiência – Desde os primórdios da internet, as comunidades de fãs causam um impacto enorme na cultura pop. Mas esse potencial de impacto só aumenta, ao passo que mais pessoas são fãs e se consideram criadoras de conteúdo.
A Ipsos, companhia de pesquisa de mercado que é parceira do Google nesse estudo, aponta que em 14 países, 41% da geração Z (nascida entre meados dos anos 90 e 2010) se descreve como “criadora de conteúdo”. Ou seja, são usuários de internet com uma capacidade inédita de influenciar e participar ativamente de tudo que é criado e disponibilizado para outros fãs.
Mais formatos = mais maneiras de ganhar visibilidade – Nós, como público, procuramos cada vez mais personalização no ambiente online. São opções como os algoritmos nos streamings, e a opção de assistir o quê, quando e onde quisermos. De acordo com o levantamento do Google, o que acontece é que, de fato, 68% dos entrevistados (de 18 a 44 anos) dizem que gostam da conveniência de poder assistir a diferentes formatos de vídeo em uma única plataforma.
Como as marcas podem aproveitar essa demanda? Campanhas que apostam em dois ou mais formatos de vídeo – por exemplo, uma peça no stories para Instagram e TikTok, e horizontal no YouTube e Facebook – têm maior probabilidade de aproveitar o engajamento em anúncios e o reconhecimento da marca.
Para aproveitar essa estratégia, uma dica é um recurso do YouTube para anunciantes que atualmente usa a IA do Google para criar vários anúncios de 6 segundos a partir de um anúncio em vídeo mais longo.
Recursos que expandem o conceito dos vídeos – Opções como a inserção de legendas ocultas (ou closed caption) têm sido utilizadas com criatividade pelos criadores de conteúdo, que inserem comentários que vão além da reprodução do áudio por escrito. Memes, referências adicionais e outras maneiras de interagir com a audiência também têm aparecido nessas ferramentas.
Mas as legendas curiosamente também contribuíram para o surgimento dos “vlogs silenciosos”, silent vlogs, que usam essa ferramenta para facilitar a vida de quem quer assistir a um vídeo, mas não pode ou não consegue acessar o áudio naquele momento. De acordo com o YouTube, vídeos com “vlog silencioso” no título acumulam 24 milhões de visualizações em 2022.
Mas moda vai, moda vem, uma coisa continua a importar: a maioria dos consumidores se engaja com conteúdos em vídeo que trazem algo de valor. Um novo interesse, um hobby, produtos para executar um trabalho ou algo que os emociona.
É por isso que, tendências à parte, o trabalho de marketing de uma marca não pode descuidar do básico: saber bem para quem se está falando (o público-alvo), e entender quais são as necessidades e interesses dessa audiência. É por isso que, antes de mais nada, um projeto de sucesso começa com um planejamento bem-feito. Aliás, como anda o planejamento do seu próximo ano? Vamos conversar?
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