Misturar marketing e jogos não é novidade. Mas com os aprendizados de 2020, as marcas brasileiras estão investindo cada vez mais na interação com o consumidor em ambiente virtual
Ao que tudo indica, as empresas brasileiras abraçaram de vez a gamificação para criar outras conexões com seus consumidores, para além da experiência de compra. Não à toa, o país é o quarto maior consumidor de games do mundo, e metade dos jogadores utilizam dispositivos móveis como celulares ou tablets. Os dados são de um levantamento da Newzoo, empresa de inteligência de mercado voltada a jogos digitais.
“Em uma realidade em que estamos forçados a permanecer dentro de casa por mais tempo, as ações de marketing das companhias também entraram nos apps, redes sociais e games de grande audiência”, comenta Thaís Faccin, sócia da Jahe Marketing, assessoria de marketing que oferece soluções 360° em um único lugar e sob medida. Ela comenta que a ideia de juntar vendas e jogos não é nova. “Quem nunca resistiu a sujar as unhas com a raspadinha que ganhou da loja do quarteirão? Isso também era gamificação, só que em um ambiente 100% analógico”.
Com a digitalização do cotidiano, a indústria de games se tornou uma das mais lucrativas no mundo, e o isolamento social imposto pela pandemia fez as cifras aumentarem. Em 2020, a projeção era de algo próximo aos US$ 160 bilhões (Newzoo), número que supera o mercado da música e cinema. Há anos, marcas como Adidas e Nike já se associam a títulos como o jogo oficial de futebol da FIFA e o game de ação Fortnite, ambos com uma audiência fiel de centenas de milhões de jogadores no mundo todo. Dessa forma, é possível comprar e vestir acessórios, calçados e produtos das marcas com o seu avatar, dentro do jogo. Agora a tendência vem se popularizando no mercado brasileiro.
Um exemplo recente é o do Santander, que se tornou patrocinador da liga brasileira do game de ação Free Fire, popular no Brasil e com recordes de até 80 milhões de jogadores online em um único dia, em escala global. Os jogadores que se cadastram no site do banco ganham benefícios dentro e fora do jogo. A ação foi ao ar em fevereiro deste ano e conecta o banco a uma audiência ampla e jovem.
Seja para expandir o alcance da sua marca, para surpreender consumidores já fidelizados, ou quem sabe, despertar aquele desejo por um sanduíche com fritas, o consumidor brasileiro deve encontrar mais ações criativas planejadas por todo tipo de marca. O segredo, para cada negócio, é saber qual público estará online.
“Tudo indica que 2021 é o ano da gamificação do marketing brasileiro. Uma das grandes vantagens desse tipo de interação com uma marca é que existe uma participação voluntária. O público ativamente quer interagir e resolver um desafio, ou obter uma conquista por meio da conexão com a marca ou o produto. Não é como um comercial de TV, que incomoda por ser intrusivo. Esse tipo de ferramenta ajuda a manter as pessoas engajadas no aplicativo ou na função que desempenham. O Waze, por exemplo, é um ótimo exemplo. Você pode escolher um avatar, e destravar conquistas. E ninguém discute quão útil ele é para o usuário. Enquanto você consegue fugir do trânsito, alimenta o sistema do app com mais informações úteis para outros motoristas. Todo mundo ganha”, conclui Satye Inatomi, sócia da Jahe Marketing.