Assistir a séries pode ser uma atividade quase obsessiva. Você começa um episódio, emenda outro e, de repente, lá se foram muitas horas do seu dia gastas na frente do computador ou da televisão. Já viu esse filme muitas vezes? Não se desespere, pois trazemos boas notícias!
Algumas dessas produções trazem lições importantes de marketing e comunicação. Por isso, dedicar sua atenção a elas pode, na verdade, representar um tempo valioso de pesquisa – e, de quebra, ainda alimentar a sua criatividade.
Listamos aqui três séries que, além de ótima diversão, nos oferecem dicas valiosas. Continue lendo e escolha a sua favorita!
O Gambito da Rainha
A série da Netflix narra a jornada de Beth Harmon, uma jovem órfã americana que se torna um prodígio do xadrez. Entre os desafios que ela deve superar pelo caminho estão um histórico de vícios, os traumas familiares e um universo de competições dominado por homens.
Contar uma história que gira em torno de um esporte pouco popular e visto como elitista parece arriscado à primeira vista, mas a aposta foi acertada: 62 milhões de usuários do serviço de streaming assistiram a ao menos uma parte da série em seu primeiro mês, fazendo dela um hit de audiência.
O sucesso da produção não se resumiu a atrair espectadores. O Gambito da Rainha também levou milhares de pessoas a se interessarem pelo xadrez. O site Chess.com (xadrez.com, em inglês), por exemplo, recebeu mais de 2,5 milhões de novas inscrições após sua estreia, em outubro.
Para além de nos mostrar que sempre haverá interesse por histórias bem-contadas, a série nos oferece, aqui, a primeira lição de marketing: a melhor maneira de atrair atenção para um produto – e, por consequência, vendê-lo – é criar uma história em torno dele.
Isso não quer dizer, é claro, que você precisa passar anos trabalhando em uma produção cinematográfica para melhorar a sua estratégia de vendas. A narrativa de sua marca, porém, faz toda a diferença na hora de atrair o consumidor.
E, ao conhecer melhor o xadrez, percebemos que há mais lições de marketing que podemos tirar dele. Em ambas as atividades, a importância de uma estratégia bem definida e aplicada é essencial.
Com Beth Harmon, aprendemos que o jogo de xadrez acontece em três tempos: aberturas (os movimentos iniciais, que vão ditar o ritmo da partida), meio-jogo (em que o objetivo é reduzir o número de peças no tabuleiro) e finais. Essas fases podem dar uma ajudinha na hora de desenvolver a sua estratégia de comunicação e vendas. Veja só:
Aberturas: o primeiro passo para um plano bem-sucedido é conhecer a sua empresa, o seu produto e o seu mercado. Por isso, a abertura do marketing é a pesquisa. Levante mais informações sobre a percepção da sua marca, seus consumidores e seus competidores. Faça uma análise de pontos fortes e fracos, oportunidades e ameaças. Analise também os seus ciclos de compra e venda.
Meio-jogo: Com essas informações em mãos, é hora de olhar para as melhores ferramentas disponíveis para colocar sua estratégia em prática. Utilize os seus novos conhecimentos para determinar qual o melhor jeito de atrair seu público-alvo: digital ou offline? Inbound ou Outbound? Em que redes sociais você precisa estar? Essa é a hora de pensar nisso!
Finais: Na reta final, o momento é de planejar. Organize um cronograma para suas ações, defina suas metas e KPIs (indicadores-chave de desempenho) e, o mais difícil, qual será o orçamento do seu plano de marketing.
Com as dicas do xadrez e de Beth Harmon guardadas, seguimos para a nossa próxima série!
The Crown
Nossa segunda escolhida já tem mais tempo de estrada. A série está em sua quarta temporada e retrata os bastidores da vida da família real britânica a partir do início do reinado de Elizabeth II, em 1952 – sim, a atual rainha ocupa o trono há 68 anos!
Embora parte dela seja ficção, The Crown nos permite observar mais a fundo eventos históricos conhecidos (e outros nem tanto) e, por meio deles, entender o que é provavelmente um dos cases mais bem-sucedidos de marketing e comunicação da história.
Podemos pensar na monarquia do Reino Unido como uma marca. Quais seriam os seus principais desafios? Ela tem centenas de anos, é uma instituição respeitada por sua tradição, mas, ao mesmo tempo, deve acompanhar a evolução dos tempos.
Assim como uma empresa, tem diversos representantes (cada um com o seu grau de importância) e um deslize de qualquer um deles pode comprometer a sua imagem. E, apesar de não ter clientes, a realeza depende de manter sua popularidade entre os cidadãos britânicos, que contribuem financeiramente para sua sobrevivência todos os anos.
A produção da Netflix nos mostra parte das estratégias adotadas pela família real para enfrentar todos eles. Em primeiro lugar, a série nos lembra da importância de construir uma voz e identidade para a sua marca – e, então, se manter fiel a ela durante todo o tempo.
É isso que vemos a rainha Elizabeth II se esforçar para fazer ao longo de toda a série, evitando escândalos familiares e relacionamentos vistos como problemáticos diante dos valores conservadores da sociedade britânica à época, escondendo divergências políticas e, acima de tudo, mantendo a pose e a seriedade a todo o tempo.
Entender as mudanças da sociedade, contudo, e usar a exposição a seu favor também são fatores fundamentais para a longevidade de uma marca. E é aqui, também, que aprendemos lições valiosas com The Crown. Um desses exemplos é a decisão, em grande parte por pressão do príncipe Philip, o marido da rainha, de televisionar a cerimônia de coroação de Elizabeth.
Com o evento, o primeiro da realeza britânica a ser transmitido em rede nacional, eles buscavam solidificar a imagem da jovem princesa como rainha (Elizabeth tinha 25 anos quando assumiu o trono) e, além disso, combater a imagem elitista que envolvia os eventos reais.
Nos anos seguintes, a tendência lançada por eles ganhou força com a transmissão dos casamentos reais – o mais famoso deles, do príncipe Charles com a princesa Diana, em 1981, atraiu 28 milhões de espectadores no Reino Unido – e transformou a vida da realeza numa verdadeira obsessão dos britânicos (e de parte da população mundial).
Emily in Paris
Entre as nossas escolhidas, essa série é, sem dúvida, a que tem a relação mais óbvia com o marketing. Ela conta a história de uma jovem que trabalha em uma agência em Chicago, nos Estados Unidos, e é transferida para Paris, na França.
Com Emily, aprendemos duas lições estratégicas bastante atuais: a importância das redes sociais em qualquer planejamento bem-sucedido e a necessidade de engajar os consumidores em seus conteúdos.
Na agência francesa, ela se depara com a resistência de seus colegas e clientes em focar parte de seus esforços nas redes. Com o tempo, porém, consegue provar a eles que as mídias sociais são hoje um meio essencial de comunicação para os negócios.
E não basta ter uma conta nas principais plataformas: é preciso entender o perfil da audiência em cada uma delas, produzir conteúdos que estejam alinhados à sua marca e sejam, ao mesmo tempo, inovadores e criativos.
Um exemplo disso é a campanha criada por Emily para um de seus maiores clientes, uma marca de colchões. Inspirada após visitar uma exposição que exibia a obra “Noite Estrelada”, de Vincent Van Gogh, ela sugere: “Vamos usar o poder das redes sociais e convidar as pessoas a dormirem conosco”. O resultado: camas posicionadas em pontos turísticos de Paris, acompanhadas do slogan “Durma sob as estrelas”.
Emily também é especialista na chamada call to action, em que o usuário é convidado a interagir com o conteúdo produzido pelas marcas. Ao acompanhar as filmagens de um comercial para uma marca de perfumes, em que uma modelo nua caminha pelas ruas de Paris, ela sugere criar uma enquete no Twitter, perguntando aos usuários da rede social se o conceito é sexy ou sexista. “Deixemos o mundo decidir e façamos disso uma parte da campanha”, ela diz.
Nos dois casos, a protagonista da série demonstra ainda um conhecimento profundo do perfil e utilização de cada uma das plataformas sociais: enquanto a campanha que espalha camas por Paris para que franceses e turistas se fotografem nelas tem a cara do Instagram, na hora de debater um tema mais político é ao Twitter que ela recorre.
Mas Emily não acerta em todas. Ela também nos dá uma dica do que não fazer: a personagem desembarca em seu novo emprego sem fazer nenhuma pesquisa sobre a cultura da companhia e sem saber quase nada de francês, o que obviamente causa uma péssima impressão em seus novos colegas.
Procurar o máximo de informações sobre um novo cliente e sobre sua audiência, e manter-se sempre atualizado sobre eles é essencial neste mercado. Além de passar uma boa impressão, esse conhecimento vai ajudar você a reagir a situações imprevistas mais rapidamente, além de contribuir (e muito) na elaboração de sua estratégia de marketing.
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