O conceito de garoto-propaganda de uma marca, tão comum há alguns anos (quem é que não se lembra do “Baixinho da Kaiser” ou do “Garoto Bombril”?), vem perdendo espaço nas estratégias de marketing das grandes companhias. Já reparou? Nos tempos atuais, ele evoluiu para algo que vai além de um rosto associado à empresa, ou uma celebridade que simplesmente apresenta produtos ou serviços.
A mudança é reflexo de uma realidade marcada por duas características principais: 1) o contato direto com as companhias (e entre clientes) cresceu exponencialmente no ambiente digital; e 2) os consumidores buscam hoje uma identificação com aquilo que as marcas representam, seus valores e propósito, que vai muito além da necessidade de comprar um produto ou contratar um serviço.
E uma das respostas para atender esse novo cliente tem sido a criação do papel de embaixadora ou embaixador de uma marca.
A mudança não está unicamente na escolha de uma palavra que representa um status mais elevado do que um garoto-propaganda. As novas parcerias entre marcas e seus agora embaixadores incluem o desenvolvimento de linhas produtos que levem os nomes dos artistas ou tenham sua participação direta na criação e uma atuação mais contundente na divulgação dos produtos – mostrando a importância deles em seu estilo de vida, ou no leque de causas nas quais acredita.
E, em alguns casos, também envolvem a inserção dessas celebridades nas decisões estratégicas das companhias. O caso recente mais emblemático é, sem dúvida, o da cantora Anitta. Ela, que é diretora de Criatividade e Inovação da Skol Beats desde 2019, se aliou ao Nubank neste ano.
No final de junho, o banco digital anunciou que a artista se juntaria ao seu Conselho Administrativo, e que sua atuação seria empresarial, e não publicitária.
A escolha de Anitta foi feita a dedo. Bastante conhecida, a cantora é popular entre jovens e em todas as classes sociais, e tem o potencial de falar rapidamente com uma parte importante do público-alvo do Nubank: pessoas que ainda não possuem conta em banco.
De acordo com o Instituto Locomotiva, 21% da população brasileira hoje não têm conta aberta ou a utilizam muito pouco. São cerca de 34 milhões de brasileiros, em sua maioria do interior, mulheres, mais jovens (entre 18 e 29 anos), e das classes D e E.
Desde que se juntou ao banco, Anitta já teve participação na decisão de elevar o limite de cartão de crédito para 35 milhões de clientes do Nubank, elevando o poder de compra desses clientes em R$ 26 bilhões até julho de 2022.
Naturalmente, ela está longe de ser o único exemplo. Abaixo, listamos outros casos de grandes marcas que convidaram nomes conhecidos para ocupar cargos importantes dentro de suas empresas. Vem saber mais!
Gisele e Ambipar
Gisele Bündchen se juntou em julho ao Comitê de Sustentabilidade da Ambipar, empresa de gestão ambiental da qual também se tornou acionista. A supermodelo tem conhecida atuação internacional em defesa do meio ambiente e das melhores práticas de sustentabilidade.
Agora, a Ambipar, que atua apenas no segmento B2B, espera que a sua presença contribua para que a marca se torne mais conhecida entre investidores e no exterior.
“Em setembro do ano passado, dois meses após fazer seu IPO (oferta inicial de ações) na B3, a Ambipar decidiu iniciar um trabalho de branding e comunicação mais intenso, para que a sociedade e o mercado em geral conhecessem sua expertise em gestão ambiental, fortalecendo a conscientização sobre o tema”, anunciou a Ambipar em comunicado.
“Desde aquele momento, uma ideia mobilizou a companhia: convidar Gisele Bündchen para ser a embaixadora da marca.”
LATAM e Marta
Em julho de 2021, às vésperas da Olimpíada de Tóquio, a jogadora de futebol Marta Vieira da Silva foi anunciada como líder global de Diversidade e Inclusão da LATAM.
O objetivo é que a estrela contribua para o processo de transformação cultural da companhia aérea, em prol de maior diversidade de gênero e inclusão para pessoas com deficiência.
Até 2030, a LATAM almeja ter pelo menos 40% do seu quadro composto por mulheres, mas a mesma proporção deve ser alcançada pelo corpo executivo até 2025. Marta já é embaixadora global da ONU Mulheres.
Olympikus e Iza
A cantora foi contratada pela Olympikus para criar novos modelos de tênis, o CS1 e o OLY 001. Em um segmento dominado por empresas estrangeiras como é o da moda esportiva, a marca nacional fez um movimento relevante ao convidar uma cantora de projeção para ajudar na concepção de produtos que são posicionados no mercado, justamente, como “Feito por Brasileiros”.
A cantora é também formada em Publicidade e Propaganda, e foi convidada a assumir o cargo de Diretora Criativa da marca.
A tendência é forte no exterior também. A Intel, por exemplo, já convidou o rapper e produtor will.i.am do grupo Black Eyed Peas para ser Diretor de Inovação Criativa. Alicia Keys já trabalhou junto da marca de aparelhos móveis Blackberry por um ano, e até mesmo a estrela pop Lady Gaga foi Diretora de Criação da Polaroid por quatro anos.
É claro que nem todas as companhias têm a projeção e o orçamento para levar grandes estrelas para dentro do escritório. Mas as ideias que esse tipo de estratégia indica podem ser bastante úteis:
A neutralidade é fria, e foi-se o tempo em que não valia a pena se posicionar com medo de perder público. As empresas devem escolher quais são as causas pelas quais podem fazer algo e agir para além do discurso.
Aliar pontos de vista variados não afeta a missão da companhia e ajuda a criar conexão com o público – e isso também se traduz em lucro. Por isso, pense em montar uma equipe diversa, e com profissionais que tenham incentivo para serem criativos. Isso pode levar sua companhia a alçar novos voos!
A transformação do garoto-propaganda em executivo mostra ainda que ideias que inicialmente eram atreladas ao marketing podem causar transformações positivas em todos os departamentos.
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