O cuidado com a saúde mental é um tema que vem ganhando espaço nas empresas. Isso porque os impactos da pandemia – como o isolamento social e o medo de contrair o coronavírus – aumentaram o número de pessoas com depressão, ansiedade, síndrome do pânico e burnout ou acabaram por agravar o quadro de quem já sofria com alguma dessas doenças.

Para se ter uma ideia, durante a crise sanitária, 86,5% dos brasileiros relataram ter ansiedade, enquanto 45,5% afirmaram observar uma moderada presença de transtorno de estresse pós-traumático, conforme pesquisa do Ministério da Saúde de 2020. Já um levantamento realizado em parceria pela Unicamp, pela UFMG e pela Fiocruz indicou que 39% das pessoas se sentiram tristes ou deprimidas rotineiramente durante a quarentena.

O cenário se repetiu em todo o mundo, e os mais jovens foram os principais afetados. Estudo da GWI, empresa de pesquisa de mercado, mostrou que 50% da geração Z (quem nasceu entre a segunda metade da década de 1990 e 2010) observou piora da saúde mental durante a pandemia, enquanto apenas 37% dos baby boomers (aqueles que têm entre 58 e 76 anos em 2022) relataram o mesmo problema.

Cenário nas empresas
O medo diante de uma doença desconhecida que pode levar à morte, a falta de contato com amigos e familiares, a incerteza sobre a duração da quarentena e a mudança na rotina, incluindo o trabalho e a vida escolar de crianças e jovens, são apenas alguns dos motivos pelos quais a saúde mental da população piorou desde 2020.

Mas, em ao menos um ponto, esse crescimento parece ter sido positivo: embora algumas doenças tenham sido identificadas há décadas, os tabus que as cercam começaram finalmente a diminuir na pandemia.

Se antes fazer terapia ou consultar um psiquiatra era assunto pouco debatido em rodas de conversa, hoje começam a despontar como uma das principais preocupações das companhias. E não deveria ser diferente, uma vez que 67% das empresas tiveram colaboradores afastados por algum problema emocional, conforme pesquisa de 2021 da Kenoby, realizada com 488 profissionais de RH do Brasil.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou, a partir de 1º de janeiro, a reconhecer a síndrome de burnout (palavra em inglês para esgotamento profissional) como doença ocupacional, o que torna o tema ainda mais relevante para o dia a dia das companhias brasileiras – seja qual for o seu porte.

A pesquisa mostra, contudo, que 93% dos entrevistados acreditam que falta um olhar das empresas para o tema. Mesmo se tratando de um assunto urgente, apenas 60% das companhias pretendem contratar uma pessoa ou criar um departamento para cuidar do bem-estar mental e mais da metade delas não sabe dizer quando isso vai acontecer.

O contexto nos dá pistas da importância de incluir o assunto nas comunicações de seu negócio, tanto internamente quanto na hora de conversar com a sua audiência. Por isso, listamos neste texto dicas para mergulhar no tema de maneira interessante e responsável. Siga com a gente!

• O que precisa ser feito?

O estudo da Kenoby apontou que alguns dos principais motivos dos danos mentais no ambiente corporativo são a falta de diálogo da liderança (19,1%), o assédio moral e o constrangimento (18,9%), e a falta de diálogo com os colaboradores (18,7%). Portanto, viabilizar o diálogo entre lideranças e os demais funcionários, além de promover campanhas e abrir um canal de denúncias contra assédios são as principais armas para auxiliar na saúde mental das pessoas.

Hoje, embora seja um processo mais lento, algumas companhias estão oferecendo benefícios para melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, ajudar na manutenção da saúde mental dos colaboradores.

Entre essas opções, estão o auxílio para viabilizar o acesso a aplicativos de bem-estar e sessões de psicoterapia ou adotar jornadas de trabalho mais flexíveis, autorizando o home office permanentemente ou em alguns dias da semana.

• E no marketing?

De olho na piora da saúde mental, algumas companhias têm criado campanhas para incentivar o bem-estar entre os colaboradores e também entre a população. As marcas que apostam neste tipo de abordagem mostram que estão preocupadas com pessoas e não apenas com os lucros, se aproximando do público, melhorando o brand awareness e a imagem.

Algumas empresas costumam aproveitar efemérides como o Janeiro Branco, cujo objetivo é conscientizar sobre a importância da saúde mental, e o Setembro Amarelo, que tem como mote a prevenção do suicídio. Porém, as marcas devem adotar a causa em outros momentos do ano, uma vez que quem sofre com problemas mentais pode precisar de ajuda a qualquer momento.

Quer conhecer exemplos que podem inspirar a sua marca?

Amil
A Amil, por exemplo, lançou algumas campanhas no decorrer de 2021 sobre o tema. Em agosto, veiculou nos canais digitais um vídeo – O que é que há? Vamos falar sobre saúde mental – com o cantor Fábio Jr. e seu filho, o também cantor Fiuk, que encabeça uma conversa sobre sua experiência com o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade).

O tema veio à tona durante a participação de Fiuk no reality Big Brother Brasil daquele ano. Na campanha da Amil, ele inicia o papo com o pai dizendo que não conseguia falar sobre o tema e, só agora, consegue conversar abertamente sobre suas dificuldades, angústias e medos ligados ao transtorno. O objetivo é incentivar o diálogo aberto sobre saúde mental.

Já em setembro, a empresa lançou a campanha A Cara das Empresas para alertar empregadores sobre o estado psíquico e emocional dos funcionários. O filme, veiculado na TV aberta, mostra três ambientes de trabalho – escritório de uma grande empresa, um pequeno negócio e um home office – com profissionais de semblantes aflitos. Depois, após receber atendimento da Amil, o cenário muda e as pessoas parecem mais felizes.

A campanha chama atenção tanto para a importância de dialogar sobre saúde mental dentro das companhias, quanto para a necessidade de tratamento especializado. Na ocasião, a Amil convida as empresas a conhecerem o programa de saúde mental e outras soluções que podem contribuir para um ambiente corporativo saudável.

JanSport
A marca de bolsas e mochilas JanSport lançou, em 2020, a campanha #LightenTheLoad (alivie o peso, em português). O objetivo é conectar pessoas e aliviar a pressão responsável por crises de saúde mental por meio do compartilhamento de dificuldades, pensamentos, sentimentos e sensações. A base da iniciativa foi uma pesquisa em parceria com a Pew Research, que mostrou que 7 a cada 10 jovens passam por desafios relacionados à saúde mental.

A campanha ganhou vida por meio de cinco jovens dos Estados Unidos, que contaram suas histórias e quais aspectos da sua vida geram alguma preocupação que pode ocasionar crises de ansiedade, depressão, síndrome do pânico e outras doenças mentais. A mensagem se centrava na ideia de que ninguém está sozinho, viabilizando conversas sem tabus sobre a importância de cuidar da saúde mental.

Neste caso, a JanSport abraçou a causa a partir de dados coletados durante a pandemia, sobretudo em relação aos jovens, principal público-alvo da marca. Vale lembrar que a própria companhia foi a campo, antes de criar a campanha, para entender como essas pessoas estavam se sentindo e o que poderia ajudá-las.

O projeto promove diálogos abertos sobre saúde mental, usando histórias reais cujo público pode se identificar. Além disso, a marca não deixou sua identidade de lado e usou uma linguagem simples e o próprio nome da campanha (alivie o peso) tem relação com o core business da empresa – o paralelo é “descarregar o peso para evitar crises na saúde mental”, enquanto mochilas carregam o peso.

Instagram
Ainda em 2017, o Instagram lançou a campanha #HereForYou (estou aqui por você, em português). Segundo uma postagem de Kevin Systrom, co-fundador e CEO da rede social, todos os dias as pessoas compartilham suas jornadas com a saúde mental e se conectam com comunidades de suporte. “Essas comunidades estão ajudando que doenças normalmente invisíveis para amigos e familiares se tornem visíveis através de fotos e vídeos”, escreveu.

A partir disso, o Instagram divulgou um vídeo de um minuto mostrando usuários da plataforma contando sobre dificuldades do passado com distúrbios alimentares, depressão e pensamentos suicidas. A ação incentiva que a rede social continue sendo uma importante ferramenta para compartilhamento de experiências e busca por suporte emocional. Com isso, a marca é reconhecida como uma ponte entre pessoas e a ajuda necessária.

Quer falar mais sobre como incorporar o tema na sua estratégia de comunicação? Fale com a Jahe Marketing!

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